domingo, 5 de setembro de 2010

Wannit, wannit can’t havit, havit havit, don’t wannit

Wannit, wannit can’t havit, havit havit, don’t wannit

Ou: Quando as Pessoas Comem as Tuas Bolachas de Água e Sal.

Isto é uma reflexão sobre um traço de carácter ruim, que de resto, venho a descobrir, é bastante comum, sendo partilhado pela maior parte da humanidade, o que não faz a coisa melhor, mas o que pelo menos nos faz ser ruins em boa companhia.

Imagine-se que duas pessoas acabam. Ou que uma pessoa acaba a relação, e a outra fica de coração mediana até profundamente destroçado. Não, nada de traçar paralelos com a realidade! Quem é que disse que estou a falar de pessoas reais? Mau mau maria, isto é um suponhamos que estou a conjecturar na primeira pessoa, até parece que não me conhecem.

Estas duas pessoas terminam, portanto, a relação, com consentimento unilateral, e partem para as novas vidinhas, ligeiros e livres uns, miseráveis e de coração partido os outros.

Agora a faceta curiosa e estranha que me proponho analisar é que a parte A da equação, chamemos-lhe “mulher”, que até foi a origem do término, vive lindamente com tudo, até que – ATENÇÃO - entre uma parte C, chamemos lhe mulher 2 na imagem e na vida de B, o troglodita em questão.

O comportamento irracional que venho por este meio tornar público e descrever é recorrente, generalizado e documentado ao longo das gerações (falei com mãe e avós). Tenho relatos de pessoas que admiro e estimo, e considero inteligentes, mas que ao verem o seu ex-respectivo, ao fim de meses de luto, aparecer com uma menina nova, tomaram atitudes degradantes como martelar em portas e exigir que “todas as meretrizes evacuem os quartos que não lhes pertencem”.

Ah pois, Desapareçam, as legitimas proprietárias precisam de vir alçar a perna! Apesar de estas legitimas proprietárias andarem a curtir a vida há meses, em constelações variáveis de novos meninos, uns loiros, outros morenos, outros de cabelos compridos, etc.

E quando se pergunta, fundamentadamente, algumas coisas à parte A, ainda parece fazer menos sentido:

Por acaso queres estar com ele? Alguma vez sentiste que querias voltar para a relação? Ama-lo, lá no fundo?

Ah não, não, isso não. Afinal o gajo até era um chato que me fazia infeliz duas vezes por semana, não temos nada a ver um com o outro, tenho um namorado novo há 9 meses, e por acaso até gosto bastante dele, mas...

Mas o quê? Mas não podes racionalizar ao ponto de veres o teu ex-respectivo feliz ao lado de uma pessoa nova?

Posso posso.Obviamente que sim. Racionalmente fico muito contente por ele, acho-a querida, e até consigo falar com ela sobre cães e fazer um sorriso afável aos beijinhos de recém-apaixonados. O pior é irracionalmente.

Irracionalmente estou profundamente indignada. Indignadíssima. Acho de mau gosto. Ah pois é. Não sei bem o que é de mau gosto, mas que é, é. Enquanto achava que ele andava infeliz e celibatário a chorar pela minha estonteante pessoa, tudo bem. É compreensível, afinal perder-me a mim não deve ser nada fácil, huh, de modo que respondia com magnânimidade às mensagens com juras de amor eterno, dava abraços compreensivos de quem emocionalmente é estável e põe estas coisas para trás das costas – lá está – racionalmente equilibrada e sem culpa nenhuma de as coisas terem corrido como correram.

Irracinalmente acho que é um descaramento a criatura arranjar uma galdéria...Arranjar uma galdéria sem...sei lá, sem me consultar! Nem que seja para eu passar o atestado de galdéria. Porque afinal de contas eu conheço-o melhor que ninguém, e apesar de nos últimos anos da nossa relação o desejo de racharmos o crâneo um ao outro com alguma frequência se ter sobreposto a outro qualquer desejo, eu devia ter uma palavra nisto!

Euzinha, “simplesmente eu” como dizem as labregas nos seus albuns de fotos do facebook, devia poder definir que ela não pode, de modo algum, ser menos bonita/fixe/esperta que eu...senão onde é que vamos parar, há que manter uma certa fasquia!

E não pode, sou muito vincada neste ponto, ser mais bonita/fixe/esperta que eu, pois obviamente há que manter um lugar de destaque, que é o de expoente máximo de qualquer coisa, enfim, como já diz o meu actual, todas as mulheres querem deixar uma marca, quer seja serem as primeiras a dar flores a um homem (Did you know that to a man blowjobs are like flowers?), quer sejam as que ficam gravadas no coração dele como sendo The One, aquele amor que nunca será esquecido.

Não é por nada, mas já que estou aqui a queixar-me, puramente no domínio hipotético, claro está, deixem-me dizer-vos que não esperava menos que este último cargo. Hey, moron, I’m the one!! Importas-te?

O que é que estás aqui a fazer, a desenvolver actividades libidinosas com um pigmeu com um rabo mais feio que o meu? Mas eu não te incumbi de uma tarefa?

Sim, a última vez que verifiquei estavas a tomar conta do verniz do meu ego! Não tinhas uma infelicidade a cultivar? Perdeste-me, lembras-te? Preciso de pelo menos uma mensagem de duas em duas semanas para ter a certeza de que te lembras da gravidade da situação, senão, como já perguntei anteriormente, onde é que isto vai parar? Huh?

Não que a mulher A queira o referido troglodita volta, isso está claro. Mas é como certo cão cabeçudo – mais uma vez, nada a ver com o meu Winston – quando encontra meio pacote de bolachas de água e sal: Não as come, isso não, afinal terá ração de 55 € quando chegar a casa, mas é o fim do mundo em cuecas se a labradora as quiser comer. Jamais! Nem que para isso tenha de fazer o sacrifício de fazer de conta que gosta delas.

Obviamente eu não sou um cão, e sou racional. Imensamente. E não vou comer bolachas de água e sal que já enjoei há 3 anos. Vou para casa ver da minha taça de ração cara.Que até me faz muito melhor à saúde. Isto não sem um ligeirinho ressentimento. Afinal, toda a gente gosta de ter um pacote de bolachas de água e sal na despensa, para quando a ração acaba, ou a padaria está fechada.

A Night In Paris...ou: Ir a Paris duas vezes.

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