sábado, 2 de março de 2013

My Best Human Boy


Aquela cor de cabelo à qual dou por mim a chamar loiro-cascais, porque parece ser uma mutação genética muito frequente na linha de Cascais, com maior taxa de incidência quanto mais nos aproximamos do Guincho e da Quinta da Marinha... Um castanho-claro de quem foi muito loiro em criança, e que agora mantém umas pontas mais claras porque tem o privilégio de poder passar muitas horas ao ar livre a surfar, a andar de bicicleta, a voar kites ou sei lá mais o que os putos ricos e desocupados fazem durante as tardes de verão intermináveis quando as vivendas são coladas às dunas...

Aquele castanho-claro que outrora foi mesmo loiro, e que, somehow, o continua a ser. Que vem com uns olhos cor de mar, entre o verde e o azul, dependendo da luz e do polo, ou com um pouco mais azar, e como no teu caso, com um castanho avelã. Olhos de mel. Com pintinhas douradas. Um sorriso só com meia-boca. E com esse sorriso vem uma saudade enorme de qualquer coisa, qualquer coisa que nem sei bem definir, qualquer coisa que não sei se já tive, se existe, ou se é história de livros.

Sabor a sal e a calippos de morango, que eu detesto mas tu adoras – não podes ser perfeito! - cheiro a cera de prancha de surf e conversas sobre Eça de Queirós e estribos western... As madeixas suaves em contraste com as duas rastas mais ásperas, das quais eu só gosto porque são tuas, e porque gosto que sejas irreverente e tenhas caracóis e rastas e me digas não quando eu preciso.

Que me digas não quando preciso e sim quando mereço, e que me abraces nas dunas e discutas se as três marias são as três marias ou talvez as sofias de ante-ontem. Porque não quero ter sempre razão.

Não tens uma carrinha pão-de-forma – lá está, não podes ser perfeito – mas quando perdemos as chaves do teu carro sem nome na areia e rimos que nem perdidos porque não as encontramos, e depois porque as encontramos, isso não importa. Be real.