quinta-feira, 8 de maio de 2014

Asneiras do Coração

Este título hoje é bastante Margarida Rebelo Pinto... não sei se isso é muito bom, mas eu acho muito complicado...

...Dar a alguém o poder de nos proporcionar, num instante, com uma palavra ou uma acção, felicidade ou infelicidade imediata. Quando todo um dia ganha ou perde brilho dependente de um telefonema ou do estado de espírito de outra pessoa. Isso é amor.

Ou será que é asneira?

A partir de que momento é que algo deixa de ser romântico e glamoroso e passa a ser um perigo eminente? 

Dar esse poder a alguém recorda-me aquela anedota: “O que é que diz uma loira, ao ver uma casca de banana? – Bolas, lá vou eu cair outra vez...” E apaixonarmo-nos de corpo e alma pode ser muito bonito no papel, quando lemos sobre terceiros, mas andar assim na corda bamba da vida real...hum, não sei se quero.
Para já, porque prezo muito a minha sanidade mental e equilíbrio emocional. E depois, porque...epá, porque se não lá estive já, estive perto, e de resto já vi pessoas que me são próximas enveredarem alegremente (alegremente, no início, pelo menos) por esse caminho que invariavelmente acaba num poço “munto, munto” fundo.

Invariavelmente? Não. Uma pequena aldeia povoada de irredutíveis românticos ainda resiste, e, para além de arruinar as estatísticas ainda me lixa o argumento. Ou quiçá me dá esperança rósea num futuro melhor. Pufff.

E será que é mesmo verdade que não há amor como o primeiro porque nunca mais caímos com tal inocência e entrega total? Porque já nunca mais nos apaixonamos abandonadamente? Mas esperem...também aqui há génios que insistem em repetir a mesma proeza várias vezes. E depois lamentam-se. E perdem ou ganham quantidades copiosas de massa corporal. E livram-se da auto-estima. E é uma desgraça generalizada.

E estar do lado do poder também não é pêra doce pois aí passamos a ter a responsabilidade pelo coraçãozinho de outrem, e há um grande risco de ficar carimbada para sempre como besta insensível só porque alguém decidiu fazer de nós centro do universo.

É lisonjeante, mas não é saudável. E não falo só do amor romântico entre dois seres humanos (já ia dizer entre homem e mulher, mas entre mulher e mulher ou homem e homem vai dar ao mesmo) mas falo de qualquer coisa da qual façamos centro do nosso universo.

Não podemos por os nossos ovos todos num cesto, senão se o cesto cair está tudo estragado... Posso adorar ser mãe, e o meu filho ser a coisa mais importante no mundo, mas não pode ser o meu mundo inteiro. O meu cão pode ser um espectáculo, não haver outro como ele, mas há mais coisas que me devem mover. Posso estar muito apaixonada, mas se essa pessoa me deixar o meu universo não pode ruir... Digo eu.


Ou é andarmos permanentemente com alguém nas palminhas das mãos, ou nas palminhas das mãos de alguém, ou a desejar que as palminhas nas quais andamos sejam também as palminhas nas quais somos levados, e isso sim, seria amor. Até....estatisticamente provavelmente não para sempre <3 o:p="">