...Dar a alguém o poder de nos proporcionar, num instante, com
uma palavra ou uma acção, felicidade ou infelicidade imediata. Quando todo um
dia ganha ou perde brilho dependente de um telefonema ou do estado de espírito
de outra pessoa. Isso é amor.
Ou será que é asneira?
A partir de que momento é que algo deixa de ser romântico e
glamoroso e passa a ser um perigo eminente?
Dar esse poder a alguém recorda-me
aquela anedota: “O que é que diz uma loira, ao ver uma casca de banana? –
Bolas, lá vou eu cair outra vez...” E apaixonarmo-nos de corpo e alma pode ser
muito bonito no papel, quando lemos sobre terceiros, mas andar assim na corda
bamba da vida real...hum, não sei se quero.
Para já, porque prezo muito a minha sanidade mental e
equilíbrio emocional. E depois, porque...epá, porque se não lá estive já,
estive perto, e de resto já vi pessoas que me são próximas enveredarem
alegremente (alegremente, no início, pelo menos) por esse caminho que
invariavelmente acaba num poço “munto, munto” fundo.
Invariavelmente? Não. Uma pequena aldeia povoada de
irredutíveis românticos ainda resiste, e, para além de arruinar as estatísticas
ainda me lixa o argumento. Ou quiçá me dá esperança rósea num futuro melhor.
Pufff.
E será que é mesmo verdade que não há amor como o primeiro
porque nunca mais caímos com tal inocência e entrega total? Porque já nunca
mais nos apaixonamos abandonadamente? Mas esperem...também aqui há génios que
insistem em repetir a mesma proeza várias vezes. E depois lamentam-se. E perdem
ou ganham quantidades copiosas de massa corporal. E livram-se da auto-estima. E
é uma desgraça generalizada.
E estar do lado do poder também não é pêra doce pois aí
passamos a ter a responsabilidade pelo coraçãozinho de outrem, e há um grande
risco de ficar carimbada para sempre como besta insensível só porque alguém
decidiu fazer de nós centro do universo.
É lisonjeante, mas não é saudável. E não falo só do amor
romântico entre dois seres humanos (já ia dizer entre homem e mulher, mas entre
mulher e mulher ou homem e homem vai dar ao mesmo) mas falo de qualquer coisa da qual façamos centro do nosso universo.
Não podemos por os nossos ovos todos num cesto, senão se o
cesto cair está tudo estragado... Posso adorar ser mãe, e o meu filho ser a
coisa mais importante no mundo, mas não pode ser o meu mundo inteiro. O meu cão
pode ser um espectáculo, não haver outro como ele, mas há mais coisas que me
devem mover. Posso estar muito apaixonada, mas se essa pessoa me deixar o meu
universo não pode ruir... Digo eu.
Ou é andarmos permanentemente com alguém nas palminhas das
mãos, ou nas palminhas das mãos de alguém, ou a desejar que as palminhas nas
quais andamos sejam também as palminhas nas quais somos levados, e isso sim,
seria amor. Até....estatisticamente provavelmente não para sempre <3 o:p="">3>