domingo, 2 de agosto de 2015

Sobre ser um Axl...

É a primeira vez em muito tempo (desde a entrada sobre o mundo do Winston, back in the year sei lá o quê) que escrevo aqui sobre cães... Isto porque de cães já a minha vida está cheia, não tenho ainda que encher o meu blog de pit bull rants entusiasmados, fica chato, e eu sou uma pessoa com interesses variados. Cof, Cof.

Desde há alguns dias estou a tomar conta do cão de uma amiga, e tem sido um desafio. Isto não porque o cão é um cachorro de 1,5 meses, com tudo o que de trabalhoso vem com isso, nem porque se chama Axl, que eu sou meia-alemoa e nada é uma palavra estranha, mas sim porque ele é um Chihuahua, e... dos mais pequenos.

O mundo canino (e o restante) está cheio de preconceito, e tenho vindo a descobrir que, se é difícil ter um Pit Bull pelas bocas e opiniões disparatadas e isentas de fundamento, ter um Chihuahua é ainda pior. Isto porque ainda há algumas pessoas que querem ser fixes e corajosos e até gostam de pits, e “eles só são maus se os donos os ensinarem a ser maus” (treeeeta), mas tirando a ocasional pipoca ou velhota nenhuma pessoa do meio dos cães parece gostar sem reservas de Chihuahuas/Bichons/Yorkies/Caniches anões etc.

“Isso é uma amostra. É um rato. É um porta-chaves. É um hamster. Isso não é cão não é nada. Eu gosto de pits, não gosto é daqueles pequenos irritantes que até mordem muito mais que estes. Os verdadeiramente perigosos são os meia-leca. Só sabem ladrar. São histéricos.”

Eu é que estou a ficar histérica! Preconceito é preconceito, não importa a raça! Se um cão grande está dependente de genética, educação e meio, quanto ao seu carácter, como nos atrevemos a dizer que um cão pequeno não será igual? Não serão eles loucos e agressivos porque são cães de pessoas loucas e incompetentes que não fazem com eles uma única coisa que seja natural e recomendada para um cão? Banhos e mais banhos e não sair à rua e tosquias e colo e mais colo e spas caninos...

Deixemos o “meu” Chihuahua ser um cão! Vamos conhecer cães! Vamos andar no chão! Vamos treinar desportos de mordida e obedience!

Mas espera... encontrei um grave entrave logo aos dois passos iniciais: A minhoca do mal (perdão, o cãozinho) tem cerca de 200g. É muito pequeno. Não, minto, é microscópico. Ninguém tem ideia de quão pequeno e frágil ele é. Nem ele! É um bem-disposto sem medo nenhum, e quer conhecer o mundo.

Eu é que não sei se o quero que o mundo o conheça a ele...preciso de uma daquelas redomas do queijo, para as moscas não poisarem, e vou por isso por cima dele cada vez que houver um perigo!

Porque tudo é um perigo. Quero sociabilizá-lo, como sei fazer tão bem, e o único animal que em tamanho é aceitável é um gato de dois meses, e mesmo assim tem umas patas muito mais compridas que as dele e dá-lhe “bops” na testa, de longe.


Os meus cães são equilibrados. A Camila (afilhada) é uma pit muito capaz de brincar com bebés cuidadosamente...mas todos se mexem. Todos têm cabeças que pesam vários quilos, mais de 10x mais que o Axl todo.

Um degrau é um abismo, um pé uma bomba nuclear, um saco de compras que se entorna um tremor de terra cataclísmico, o Ernesto (pombo) um Godzilla.

Tenho passado os meus dias dentro da hortinha da minha mãe, que tem uma vedação à volta, para que as galinhas não entrem. A pensar em preconceitos e em limitações físicas da minha teoria de “deixar ser cão”.

Mas deixei-o comer um pouco de bosta de cavalo. De uma bosta que teria mais ou menos o tamanho do Evereste. E meter a cabeça dentro da narina do nosso burro Elias. TRAU! #SmallandWild. Quando tiveres mais 200 gramas já falamos, meu pucanino!