Já estou para os surtos de inspiração como os alentejanos
para a vontade de trabalhar, de acordo com as piadas de nível básico: Quando
ocorre esse fenómeno, eu sento-me, e espero que passe. Mas, e antes de fazer
aqui uma ressalva para o nível de humor desejável no homem perfeito, deixem-me
dizer-vos que hoje já me aconteceu duas vezes sentir-me impelida a escrever
sobre coisinhas, e da segunda lá estou a concretizar.
Já dizia uma amiga minha,
numa altura mais encalhada da sua vida amorosa, em que parecia que ser uma
estampa de longos cabelos esvoaçantes e um QI definitivamente acima da média
não era suficiente para ter direito a um cadinho de amor: Não é preciso ser a
história da minha vida, poças, mas que seja uma historinha… E assim estou eu
hoje. Catalogo esta na categoria das
“breves”, também. Se não for uma entrada no blog, que seja uma entradinha.
Até
porque assim tenho algo a contrapor a quem me diz: “Moçoila, devias escrever
mais”. Sim, afirmativo, tenho pessoas na minha vida que apresentam o desplante
de me chamar “moçoila” e de permanecerem vivas, estou a ficar muito mansinha.
Quanto ao humor, e só para não vos deixar desinformados, eu
diria: nada de piadas de alentejanos, nada de piadas de anões, nada de piadas
de gays. As de loiras escapam, vá, essas eu gosto, apesar de nunca chegarem ao
nível dos Monty Python e congéneres, obviamente. (As piadas, não as loiras.)
Mas eu ia mesmo falar era de um fenómeno saudosista que
ocorre por vezes quando lavamos a cara ou tomamos banho (ou até ambos em
simultâneo, imaginem): O flashback para o verão das nossas vidas quando nos
entra água pelo nariz acima e vai até ao cérebro. É aquele formigueiro de pré-espirro, um cheiro a cloro sem
cloro que vai com pedaços de relva nos pés e um baixo-relevo de relva nos
cotovelos.
Para mim é aquele puto do 9º ano que nunca me ligou pevas porque eu
estava no 7º e as minhas maminhas não acompanharam a rapidez do meu
desenvolvimento intelectual e do crescimento dos meus pés, ao contrário das das
minhas amigas, que eram sardinhas curvilíneas de boa estirpe portuga. Mas
definitivamente piscinas municipais. Não tanto praia, embora também possa
acontecer, mas piscinas mesmo. E se houver aquele eco de paredes de azulejo e
um coro de vozes cacofónicas a rir e a berrar, aí então é que quase me dá
vontade de cantar o fado…
O segundo fenómeno é o consumo de ferrrrrerrrro
rochers (chego à conclusão que os seu comer, mas não os sei escrever,
analfabeta ignóbil). O fenómeno em si, creio que seja vosso conhecido, mas
serão vocês também do estranho grupo que propõe o consumo das ditas bolinhas em
camadas concêntricas?
Primeiro a Crosta - Camada superficial sólida, com, em
média, de 3 a 4 mm de espessura, mas que pode ser bem mais fina, para vosso
desgosto, e ter bem menos irregularidades de amêndoa que o desejável, porque
alguém se sentou em cima do produto inicial e deixou os bocadinhos de amêndoa
num aglomerado triste no fundo do papelinho dourado, de onde os podemos aspirar
no fim, com um movimento de shot rotineiro.
Depois, na Wikipédia diz que é o Manto - Camada viscosa logo abaixo da crosta. É
formada por vários tipos de rochas que, devido às altas temperaturas, se
encontram num estado complexo que mistura materiais fundidos e sólidos e recebe
o nome de magma. Mas isto é mentira. Toda a gente que conhece ferrerro
rocherrrrr (jesus, a ortografia!!) sabe que isso é só o passo três. Antes disso temos
a Crostinha, que é a camada abaixo da crosta, e que é feita de uma bolacha
frágil, pela qual podemos raspar os incisivos para descascar a crosta de
amêndoa, e a qual até não suja muito os dedos. Abaixo dessa, sim, a mistura de
materiais fundidos semelhante a nutella!
Próximo passo será dividir a esfera menor, rodeada de crostinha, de forma a
expor o núcleo interno, externo e avelanoso. E aí separam-se os meninos dos
profissionais, pois há quem, com os dedos enfiados algures entre a crostinha e o manto quiçá na descontinuidade
de Mohorovicic, consiga ainda levar ao cabo manobras na própria
avelã…
Mas isso para mim é sismologia quase no domínio da ficção científica.
Até porque eu…eu como-os em duas dentadas, e a única coisa que acho razoável
fazer, é separar a avelã em metades, para ter uma metade em cada dentada. Sou
mesmo labrega…