segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Lutas Geriátricas

Hoje recebi uma chamada do meu irmão mais velho, pondo-me a par de uma situação aborrecida que aconteceu a uma avozinha de 90 anos (vamos imaginar que não é a minha, a implicação genética é assustadora, e eu gostaria de casar com um moço de boas famílias), no centro de dia. Situação esta que levou à intervenção dos dirigentes da instituição, e que ainda estou a ponderar se me deveria encher de orgulho ou de vergonha. Se calhar antes preocupação.

Porquê, perguntam vocês... bem, porque...Porque: não é que a dita senhora se conseguiu meter num fight geriátrico?!!

Sim, é verídico. 

Um episódio de agressão física mútua entre velhinhas. Não sei se voaram dentaduras e permanentes foram permanentemente danificadas, mas pelo relato da ocorrência por várias partes (algumas menos imparciais e um pouquinho alteradas na sua capacidade cognitiva), passou-se o seguinte:

A avó de alguém (não vou aqui escrever nomes, para descaracterizar as personagens envolvidas e manter o sigilo judicial) está a sofrer crescentemente da síndrome do “roubaram-me as coisas”. Esta síndrome manifesta-se em acusar, com grande certeza e determinação, toda a gente de a roubar, inclusivé a única neta que possui, e que definitivamente NÃO rouba saias de malha plissadas e sem godés. Ou era COM godés? Não sei, nem sei o que são godés... 

Enfim, as pessoas do mundo, que são deveras invejosas do seu bom gosto, modernidade e espírito jovem, e como vingança, roubam-na.

Quando feitas no seio familiar as acusações embora aborrecidas, vão passando, mas nem toda a gente, especialmente a antagonista, “que é mais nova, deve ter uns 80 anos, mas é uma velha e eu não” tem pachorra para este género de embirrâncias... 

Assim, a senhora acusada de furtar uma esferográfica personalizada, oferecida pelo filho...não, pelo outro filho... ou quiçá marido (há coisas que se esquecem, afinal de contas), não teve com meias medidas e, impulsionando-se vigorosamente no seu andarilho, procedeu à ministração de medidas físicas de correcção sobre o toutiço da avozinha.

Não obstante estar sentada e a outra de pé, a avozinha agredida não recusou o scratch (isto é linguagem de lutas de pits) e lançou se em defesa, com uma espécie de uppercut à old-school (tipo, school de 90 anos) que deixou bem claro que ali, naquele centro, ela não seria uma espezinhada! Aliás, hoje ainda garantiu à entrevistadora que, apesar de lhe ter ficado a doer o cocoruto pelos calduços recebidos, a outra velha que nem pensasse que ela trocaria de lugar à mesa comum!


Acabou o episódio com pedidos de desculpas mais ou menos sentidos – okay, zero sentidos, de má vontade, e profundamente hipócritas e a incerteza acerca da possibilidade de continuar a manter estas duas senhoras em espaços físicos contíguos sem danos de maior... 

Mas como a referida avozinha no dia em que escrevo isto teve o desplante de ligar à neta a insistir que eu - perdão, ela, a neta - é que se esqueceu que já levou duas (está a aumentar para maior número) saias das melhores, há um sentimento nascente de: Whatever! Vá lá acusar assim a sua colega da casa de repouso se tem coragem, mas depois não se queixe que levou bengaladas!

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Bull...shite!

Será que ele gosta verdadeiramente de mim?
                                                               - Sofia, 17 anos, in: Revista Super Pop

Uma amiga de um bom amigo tem uma técnica para testar a sinceridade dos sentimentos dos seus pretendentes: Cada vez que começa a sair com um representante do sexo masculino que lhe elogie os longos e femininos cabelos, ela corta-os assim bem curtinhos. Só para que conste. Os que se mantêm, são os que passam ao round dois da triagem de futilidades.

Boa, pensei eu, não parece má ideia. 

O pior é que sou incorrigivelmente vaidosa, e cortar os meus longos cabelos não me parece de todo razoável. Mas há outras maneiras.

Assim como... Arranjar um Bulldogue Francês, pequeno canídeo braquicéfalo com inúmeras maleitas físicas derivadas do overbreeding impiedoso, uma das quais é uma sensibilidade gastrointestinal que se reflecte em frequentes episódios de desarranjo aquando do consumo de um pedaço de pão seco ou um grão de ração de outro cão.

Procede-se então, da seguinte maneira, em 20 passos simples:

1) Alimentar pequeno item invulgar ao bulldogue.

2) Combinar dormida em apartamento pequeno e arrumado da vítima.

3) Armazenar bulldogue e cão adicional (de preferência flatulento) num quarto gentilmente cedido.

4) Passadas algumas horas ir verificar, tendo o cuidado de não acender um fósforo, por perigo de explosão. Passear canídeos à chuva, ou melhor ainda, pedir à vítima que passeie (pestanas longas e pijama curto ajudam nesta fase!).

5) Acordar a vítima às 4h da manhã porque bulldogue está inquieto. (Inquieto=ganidos incessantes da transportadora na qual devia dormir).

6) Verificar que bulldogue encheu a transportadora até uma altura de 2 dedos de uma substância semi-líquida composta por produtos expulsos tanto pela “porta da frente” quanto pela “porta de trás”.

7) Tentar retirar pequeno chouriço conspurcado e esperneante do interior da box sem que toque no chão. Conspurcar T-shirt gentilmente cedida pela vítima (so much for sexy in his shirts...).

8) Transportar acima mencionado chouriço canino até à casa de banho, pingando o corredor.

9) Verificar que não se têm mão livre para abrir porta ou acender a luz.

10) Utilizar, destramente, o cotovelo para concretizar ambas as tarefas mas ao encostar mais à porta, provocar patada de substância indescritível na parede branca.

11) Praguejar um cadinho. Lavar canídeo na banheira, secando-o com uma toalha que esperamos não ser necessária para outros fins tão brevemente. Ou alguma vez.

12) Retirar pedaços de ração não digerida da banheira para não entupir. Rezar para que sejam provenientes da “porta da frente”.

13) Soltar canídeo que patinha alegremente todo o corredor e tenta correr até à cama da vítima para se rebolar.

14) Agarrar transportadora. Verificar que não passa pela porta do WC, e que quando diagonalizada pinga para o chão e para cima do meu pé.

15) Desmontar transportadora. Fazer uma espécie de origami humano por cima da sanita de forma a deitar todo o conteúdo lá para dentro, por um canto.

16) Verificar que com a abertura virada para a parede não consigo empurrar restos de digesta ou quimo ou quilo com os enchumaços de papel higiénico que vou enrolando. Virar tudo e sujar mais um cadinho a T-shirt.

17) Juntar enchumaços encharcados a um canto não vá a sanita entupir.

18) Colocar box na banheira e verificar que a mesma ameaça entupir apesar de todos os cuidados. 
(Nota mental: Culpabilizar os hábitos metrossexuais de depilação da vítima pela banheira entupida e negar toda a responsabilidade.)

19) Secar a transportadora com um segundo rolo de papel higiénico, soltar um suspiro de saudade de um relvado no alentejo e de uma mangueira.

20) Limpar o chão. Limpar a banheira. Limpar a sanita. Limpar a parede. Arejar o quarto. Tomar banho.


Posto isto, se a vítima se mantiver presente e acordada durante todo o exame, persistindo nas suas declarações de carinho nos dias seguintes, passará ao round 2. Caso contrário, terá de ser submetido a um teste de recuperação, ou chumbado directamente.

domingo, 22 de junho de 2014

Mas afinal o que é um "Grammar Nazi"?

O fenómeno da “escrita para toda gente” é um fenómeno relativamente recente, porque com os chats, o FB, a cultura dos smartphones e a nossa presença online quase 24h por dia, existem muitas pessoas que há 20 anos não teriam escrito uma palavra desde que saíram da escola, que, nestes moldes, andam alegremente a escrever por essa internet fora. E no meu ecrã, consequentemente. E não é pouco.

E eu tenho um problema: O meu nome é Lu e sou uma “Grammar Nazi” – este também um termo fruto do seu tempo, que define uma pessoa que tem ataques de ansiedade e urticária quando um homem lhe escreve (ou uma mulher, mas num homem é mais triste ainda, porque por vezes o pobre diabo até não se estava a sair mal até esse preciso momento) “Gostas-te?”. 

Ah, e não – podem esquecer essa esperança – numa conjugação implicativa de narcisismo ou pelo menos auto-amor, mas mesmo no sentido de “Gostas-te da nossa tarde na/em/no” [inserir actividade que a pessoa em causa achou que eu ia achar piada ]

E o grammar nazisismo não se fica por aí, porque eu não tenho os meus ataques em silêncio, guardando as minhas emoções para mim (isso é o preconceituoso dos erros, que imediatemente, ao ver, “Terminei o curso à dois meses” assume que o interlocutor é um idiota, mas que não passa daí);  nem sequer comento apenas com quem me rodeia ( isso é o racista da ortografia acompanhado, que goza em contexto doméstico), não, eu sinto-me impelida a ir, organizadamente, até ao fim e, por baixo do meu achado deprimente, colocar um “*” seguido da correcção. Porque às vezes é mesmo deprimente. Em testemunhos de luto por exemplo.

E agora pensam vocês que eu sou uma cabra pedante (check!) que não tem mais nada que fazer que criticar quem não teve o privilégio de ter uma escolaridade mais avançada, porque teve de ir trabalhar, ou quem não criou hábitos de leitura porque a vida não permitiu, e que a qualidade das pessoas não se mede pelos seus erros ortográficos (nem estilísticos, nem de pronunciação) e isso e tudo verdade. (Vá, posso discutir a parte da “cabra”, eventualmente) e claro que prefiro quem me escreva “comessas a xatear” mas até seja uma pessoa idónea do que um traste culturalmente e gramaticalmente polido, mas cada vez mais acredito que escrever correctamente não tem de estar ligado à escolaridade.

Estou a terminar um curso superior que tem uma média de entrada algo elevada (não conta como ufanice porque entrei por concurso especial, haha) que deveria supor que a fina flor das boas notas de secundário o frequentam, e que as aulas são leccionadas por pessoas com doutoramentos, na sua grande maioria. E é verdade. Mas não obstrante, é inacreditável a quantidade de vezes que me tenho de arrepiar, e, mentalmente, levantar um dedo esclarecedor quando num slide de um docente leio “torsão de estômago”.

Porque aparentemente, há (com h) dois tipos de pessoa a escrever sem erros: os que são ávidos leitores, escrevem eles próprios, gostam de toda a forma de comunicação que envolva letras e línguas (no sentido de idiomas, pervs!) e por isso têm facilidade nessa area, e simplesmente nunca lhes ocorreu sequer ter dúvidas entre presseguir/perseguir (ou até preçeguir, quem sabe); mas também um outro grupo de, maioritariamente homens, que não lê, mas tem a sorte de ter uma memória fotográfica para aquilo que está correcto. Que me faz alguma confusão, mas é uma bela dádiva. Porque socialmente correcto é escrever sem erros.

Claro que entretanto estamos para isso como estamos para a condução: independentemente de ir a 60 ou a 130km/h, quem vai mais devagar que eu é uma lesma estúpida, e quem vai mais depressa um atrasado mental com encontro marcado com o senhor da gadanha. 

Porque bem bem, estou eu. 

Ou bem que vou a pé, e exijo que os carros parem na passadeira porque, olha, porque vou a passar, né, e o peão (não pião!) tem direitos, ou bem que vou a conduzir e acho uma falta de respeito os peões que se atiram para as passadeiras vindos detrás de não sei que Ford Transit, só para eu, pobre condutora ter um piripaque quando quase, inadvertidamente, lhes acelero o tal date com o cavalheiro da gadanha!

Quero com isto dizer que o nosso próprio erro é sempre muito menos grave: certa vez escrevi “ir a uma escursão” e achei muito plausível, até ser chamada à atenção pelo meu respectivo da altura e perder a legitimidade de fazer textos destes durante alguns meses. Mas acho “escursão” um erro muito aceitável, nada a ver com “prencípio”. 

E confesso que em alemão sou muito disléxica. Dislexia é aquela palavra fixe que legitimiza os erros, porque soa a doença, e toda a gente sabe que faz trocar as letras. Não creio é que faça escrever quaisqueres em vez de quaisquer, por muita boa vontade que tenha...


Dito isto, o mais importante é o coração da pessoa há nossa frente, e que agente se dê bem e seja-mos felizes, que o resto é só traçinhos pretos em fundo branco, e nao tem nada a haver, e nem devemos descriminar por isso! xoxoxox

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Asneiras do Coração

Este título hoje é bastante Margarida Rebelo Pinto... não sei se isso é muito bom, mas eu acho muito complicado...

...Dar a alguém o poder de nos proporcionar, num instante, com uma palavra ou uma acção, felicidade ou infelicidade imediata. Quando todo um dia ganha ou perde brilho dependente de um telefonema ou do estado de espírito de outra pessoa. Isso é amor.

Ou será que é asneira?

A partir de que momento é que algo deixa de ser romântico e glamoroso e passa a ser um perigo eminente? 

Dar esse poder a alguém recorda-me aquela anedota: “O que é que diz uma loira, ao ver uma casca de banana? – Bolas, lá vou eu cair outra vez...” E apaixonarmo-nos de corpo e alma pode ser muito bonito no papel, quando lemos sobre terceiros, mas andar assim na corda bamba da vida real...hum, não sei se quero.
Para já, porque prezo muito a minha sanidade mental e equilíbrio emocional. E depois, porque...epá, porque se não lá estive já, estive perto, e de resto já vi pessoas que me são próximas enveredarem alegremente (alegremente, no início, pelo menos) por esse caminho que invariavelmente acaba num poço “munto, munto” fundo.

Invariavelmente? Não. Uma pequena aldeia povoada de irredutíveis românticos ainda resiste, e, para além de arruinar as estatísticas ainda me lixa o argumento. Ou quiçá me dá esperança rósea num futuro melhor. Pufff.

E será que é mesmo verdade que não há amor como o primeiro porque nunca mais caímos com tal inocência e entrega total? Porque já nunca mais nos apaixonamos abandonadamente? Mas esperem...também aqui há génios que insistem em repetir a mesma proeza várias vezes. E depois lamentam-se. E perdem ou ganham quantidades copiosas de massa corporal. E livram-se da auto-estima. E é uma desgraça generalizada.

E estar do lado do poder também não é pêra doce pois aí passamos a ter a responsabilidade pelo coraçãozinho de outrem, e há um grande risco de ficar carimbada para sempre como besta insensível só porque alguém decidiu fazer de nós centro do universo.

É lisonjeante, mas não é saudável. E não falo só do amor romântico entre dois seres humanos (já ia dizer entre homem e mulher, mas entre mulher e mulher ou homem e homem vai dar ao mesmo) mas falo de qualquer coisa da qual façamos centro do nosso universo.

Não podemos por os nossos ovos todos num cesto, senão se o cesto cair está tudo estragado... Posso adorar ser mãe, e o meu filho ser a coisa mais importante no mundo, mas não pode ser o meu mundo inteiro. O meu cão pode ser um espectáculo, não haver outro como ele, mas há mais coisas que me devem mover. Posso estar muito apaixonada, mas se essa pessoa me deixar o meu universo não pode ruir... Digo eu.


Ou é andarmos permanentemente com alguém nas palminhas das mãos, ou nas palminhas das mãos de alguém, ou a desejar que as palminhas nas quais andamos sejam também as palminhas nas quais somos levados, e isso sim, seria amor. Até....estatisticamente provavelmente não para sempre <3 o:p="">

terça-feira, 11 de março de 2014

Who do you think I am...some man-eater with a jar of hearts?

…é o que me apetece dizer àquele tipo de mulher, geralmente conhecidas, da mesma vila/universidade/local de trabalho que assim que têm o maridinho/namoradinho/enc*nadinho de serviço por perto me fazem má cara ou reduzem a conversa para o mínimo necessário à cordialidade.

É que para além de darem logo parte de ciumenta com pequenina auto-estima, são BURRAS.

Desculpem me lá a franqueza, mas já diz o ditado: Keep your friends close, and your enemies even closer. E não é com certeza quando o namorado diz que vai tomar café com uma amiga que vos vai trair. Não, burrinhas, vai-vos traír depois de lhe fazerem a enésima fita de ciumes injustificados, quando sair de casa passado da cabeça, e pensar... “Olha, s’a lixe”. Ou quando deixar de vos contar as coisas, para não ser massacrado. Aí é que têm de se preocupar.

Para além de que eu, em - quase me atrevo a dizer -  100% dos casos, não estar minimamente interessada no vosso homem. Que nem é assim propriamente a dádiva e Deus às mulheres... e se não o andassem a guardar como se se tratasse do novo Magnum com triplo caramelo e 6 tipos de chocolate + recheio líquido, nem me ocorreria pensar que podia fazer alguma coisa com ele. Bah.

De resto, deixem-me dizer-vos o que nunca faço: Não me meto com namorados de amigas. É um absoluto nananinanão. Se gosto de uma pessoa, não faria nada para a magoar conscientemente. Já namorados de conhecidas que me tratam como se já tivesse encostado os pobres diabos que lá conseguiram (sabe se lá como) enganchar, a um qualquer fardo de palha...bem, por aí não garanto nada.

Sou da opinião que: quem está numa relação deve lealdade, não me cabe a mim andar a perguntar quais foram as promessas (vãs, pelos vistos) que foram feitas a outras miúdas, mas se essas miúdas forem minhas amigas: Nop, nã toco.

Pelo que a opção mais inteligente, oh minhas ciumentas cegas, seria tratarem-me muito muito bem, já que se preocupam tanto. Serem minhas amigas, se sou uma ameaça tão insuportável. É bem mais seguro.

E agora com licença, vou tratar do meu projecto da tarde, que curiosamente não passou por caçar os homens de Vila Nova da Baronia, (apesar de ter passado por esse local, em cima de um cavalo) passou por retirar umas dezenas de girinos de uma poça que estava a secar, os quais agora estou a criar num aquário, para depois soltar montes de rãzinhas.


Nem sequer tenho TEMPO para coleccionar corações J

quarta-feira, 5 de março de 2014

Clancy Wiggum e os chunguinhas de Marte

A umas ruas daqui, em frente a um supermercado cujo nome não vou divulgar, por razões de descaracterização das personagens envolvidas, trabalha um polícia que é uma réplica assustadoramente fiel do Clancy Wiggum, polícia dos Simpsons.

Tudo bem, o homem não é amarelo, mas de resto exibe uma panóplia de comportamentos “políciamente incorrectos” que me deixa algo desiludida com o braço forte da lei, tal como o seu homónimo cartoonesco. Para já, se não está a comer, está a fumar ou a falar ao telemóvel, e se está a falar ao telemóvel, fá-lo alto e com bom som, deixando claro que não é uma conversa breve e importante, mas uma daquelas discussões pontuadas de "tás a ceber?"... "mas tás a ceber o qu’eu te digo?..." "vê se pecebes!" (e o interlocutor claramente apresenta relutância em perceber).

Ah, e é barrigudo e com má postura. Nada contra barrigudos, mas avaliando a clientela que se desloca ao local, fica-me difícil acreditar no valor dissuasor do agente no que toca a actos criminosos... é que é fisicamente impossível alguém não perceber que é fisicamente impossível (perdoem a repetição) aquele homem aguentar mais que 25 metros de corrida lenta, antes de cuspir um pulmão e um donut semi-digerido, se for preciso ir ao encalço de algum jovem e longilíneo infractor de ténis Nike.

Não percebo para quê as provas físicas dos concorrentes a postos na polícia ou GNR, se depois, uma vez lá dentro, os vão deixar, como direi, Wiggumizar tranquilamente...

Não quero com isto dizer que todo o polícia tem de ser um Arnold Schwarzenegger nos seus dias de maior vigor, mas que pelo menos sejam minimamente aptos à deslocação horizontal, caramba... Provas anuais de fitness, boa? Manter um mínimo, dependente da idade, vá, que permitisse que um agente não fosse uma presença anedótica como aquela.


Porque se aquele senhor me dá vontade, a MIM, de roubar um champô só para ver o que é que acontece, imagino a alguém com um pouco mais de...chunguice do bairro.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Ms.Sophie e a Dança Nocturna

Quem conhece a minha casa, lembrar-se-á que não é uma casa convencional, é um self-made-residence que tem mais de alternativo e bom carma do que tem de arrumação e funcionalidade... Uma das particularidades é que tem cerca de 7 portas que dão acesso ao exterior, e por todas elas entra e sai bicharada encardida, até galinhas confusas, por vezes.

E uma dessas portas permite um acesso privativo ao meu quarto, que pode ser utilizado para vários fins, seja para fazer entrar pessoas ou animais das quais a minha família não imagina que frequentam o meu quarto, seja para simplesmente não ter de passar pelas portas dos meus membros familiares quando esses praticam o sleep e trago amigas no limiar do vómito etilicamente induzido.

A referida porta é muito bucólica, dando para um pequeno relvado, com uns degraus de madeira (escorregadias armadilhas para amigas nas anteriormente referidas condições), uma espécie de um arco que liga uma oliveira centenária (ou vá, pluridecanária pelo menos) ao telhado, e que dá apoio a uma roseira trepadeira. E àquela outra trepadeira dos infernos que cobre tudo com verde e flores azuis mas que depois é anual e faz umas massas de vegetação acastanhadas e feias quando retira por motivos de hibernação.

Há, ainda, mais algumas roseiras, e uma vedaçãozinha que tem dois propósitos: impedir alguém de fazer alguma coisa no relvado (não se sabe bem o quê), e fazer-me tropeçar. Mas essa eu sei exactamente onde está, logo não tem problema nenhum.

Ontem à noite estava bastante frio, e senti as minhas orelhas geladas, pelo que decidi festejar um revival de uma antiga tradição transversa às culturas europeias: o gorro de noite, nightcap (sem álcool), schlafmütze, bonnet de nuit, enfim, compreendem, né. 

Fui à gaveta dos gorros, e encontrei duas opções (as outras tinham ido comigo para a neve e ainda não tinham voltado à gaveta): um gorro preto de fibra polar, apertado, que me fazia parecer um pene com necessidade de circumcização célere por motivos de necrose auricular, e um gorro de pai Natal, larguinho e muito confortável.

“S’a lixe!” – Pensei. Também não é como se alguém fosse descobrir que não durmo com uma camisa de noite branca com rendas no regaço, de forma que o gorro de pai natal  não estraga nada o ensemble geral.

Coloquei-o, e, ensonada, ao fazer o percurso por baixo debaixo das românticas roseiras, pelo caminho de relva, com as pantufas mal-enfiadas (a pisar a parte de trás, porque é só para meia dúzia de passos) vi-me num nightmare after christmas que ultrapassava tudo o que alguma vez vivi na completa escuridão. (Sim, tudo!).


Tropecei num buraco, e ao dar dois passos cambaleantes em frente, salta-me uma pantufa. “Raios, vou molhar a meia,” pensei, antes de tudo piorar e eu não só molhar a meia (check!) mas também pisar uma p*ta de uma roseira cortada que me perfurou a planta do pé em vários sítios (senti os estalinhos dos espinhos a passarem a epiderme e a irem até onde conseguiam) (e foi mais fundo do que se imagina). 

Quis reestabelecer o equilíbrio, mas não sabia da pantufa, e a segunda perna tinha agarrado uma grande quantidade de roseira que me abraçava com mais intensidade do que alguém alguma vez me tinha abraçado naquele local. 

Preguei dois pulinhos a pécoxinho e enrolei-me na vedação (aquela que eu felizmente sabia exactamente onde estava mas qual me tinha esquecido) , fiz marcha atrás, caí num segundo buraco (roguei pragas à minha mãe e à m*rda do transplante e poda de roseiras), quase perdi a segunda pantufa, sempre com o pompom do gorro a agitar-se furiosamente em cima da minha cabeça, descrevendo círculos e movimentos pendulares, e, finalmente, nem sei bem como, consegui sair dali. Muito acordada, com os pés molhados, as pernas arranhadas, vários furos a escorrer sangue na planta do pé, e espinhos de roseira partidos que eu só viria a encontrar muito mais tarde, nas calças do pijama. 

Boa noite amiguinhos. Viver no campo é tão revigorante.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

The world according to Winston - Seminário de acupuntura com a Dr.Maria Cabral

Não sei se já sabiam, mas eu sou muito certamente “the ladies choice”. Ah pois é...ficam doidas quando me vêem.  Na universidade toda a gente sabe que sou uma super-estrela, acredito que a mamã lhes terá dito que sou “most clever and smart” e também um “beautiful boy”. O que é certo é que as miúdas me adoram, e eu deixo sempre que me façam muitas festas e coceiras nos lombinhos, tadinhas, deve-lhes fazer bem aos nervos.

Mas não é só na universidade! A caminho da cantina, ou na feira de artesanato, as pessoas olham com espanto e admiração para mim, e por vezes quando as abordo subitamente, pregam saltinhos de alegria e até guincham (a minha mamã, que é estranha, nessas alturas chama-me muito, e pede desculpas às pessoas) (é muito ciumenta, ela). 

O carteiro e o senhor do gás ficam petrificados de felicidade quando lhes vou cheirar as pernas – o senhor do gás até parou a meio da escada, com uma bilha de gás ao ombro – só para alertar a mamã da minha existência fantástica. Bati-lhe muito com a cauda, em jeito de aprovação.

Hoje precisaram de mim numa formação da Universidade Técnica de Lisboa, no âmbito do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, que é o curso que frequento, mais as bípedes que moram comigo, e então lá tive de comparecer a uma aula das nove da manhã...Ufa, que stress! Era uma apresentação sobre picar animais, falou-se muito, e no fim bateram muitas palmas para mim – ao que eu me levantei e me dirigi para a secretária frontal do auditório, pois podiam de seguida querer ainda ver alguns truques (eu faço uns truques muita giros!), mas afinal só me queriam fazer o mal...

A mamã é uma lança frisbees razoável, mas às vezes tem cada uma... deixou a Doutora fazer me umas festinhas e carregar-me nos lombos (ainda pensei que seria aquilo da percussão, das aulas de semiologia, mas eu já fiz essa cadeira o ano passado) e depois vá de me morder com uns dentinhos muito fininhos, metálicos, que trazia numa caixinha! Achei mal! 

Tinha-me voluntariado para a formação a seguir, que era sobre fisioterapia e reabilitação, e tinha uns vídeos de massagens bem interessantes, mas isso de me atacarem pelas costas não achei muito bem, não. Fiz olhinhos de lua desconfiados, e sobrancelhas de preocupação, bocejei, e ainda pensei em abandonar o local, mas podiam vir a precisar de uns truques, e ainda por cima a minha mamã recordou-me de que eu tenho aquele negócio do “educayshon” que não me permite ser um cão normal. Daí que tenho de ser extraordinário. E que todos me adorem.

Mas admito que, apesar de me doerem menos as costas e de me dar o sleep no fim daquela coisa toda, a melhor parte foi ver a mamã a ser mordida tb, pela Doutora. Na pata. Com um dentinho igual aos que usou em mim. Toma!

Nos vídeos de fisioterapia aprendi que há cãezinhos (deve ser em África, pois a minha mamã diz sempre que os cãezinhos em África iam adorar comer a ração que em não quero porque já é de ontem) que têm tão pouco play nas vidas deles, que adoram ir à fisioterapia, fazer os percursos com pinos e obstáculos, porque deve ser a primeira vez na vida que têm direito a aprender coisas, a ouvir montes de reforço positivo, e a ter interacção com bípedes fixes...Coitadinhos – mas nem todos podem ser everybody’s darling, creio.
Também deve ter a ver com a raça, acho, porque nenhuns eram assim muito bonitos como o eu.


Posto isto, ainda bem que aqui no meu país as coisas estão mais ou menos. Joga-se pouco frisbee, é verdade, e não vejo a praia desde Domingo, mas tudo em tudo, podia ser pior.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Funcionários do Badoca: os melhores funcionários de sempre!

E assim abrimos o nosso mais ou menos organizado diário do nosso estágio de verão no Badoca Safari Parque, edição 2013...

Dia 26 Agosto 2013
Recém chegados à nossa aventura das próximas 3 semanas, lá nos estabelecemos na fantástica casa do Hélder, que só tem mesmo um senão: o Hélder, que é um simpático, mas extremamente arrumado e meticuloso tratador do Badoca, que – coitado – nem sabe onde se meteu quando concordou em albergar estas encantadoras estagiárias, de aspecto arrumado e civilizado, que em nada deixa adivinhar a desarrumação e sujidade que são capazes de deixar por onde passam. A nossa maior preocupação neste momento é descobrir como vamos retirar todos os restícios de plumas Percianas e pêlos Winstonianos (e alguns da Jess)  dos cantinhos todos desta royal residência, para não deixar ruim impressão. Okay, também nos preocupa o nosso percurso académico e o facto de faltarmos à primeira semana de aulas, mas primordialmente é isto.

Depositada a menagerie, seguimos para o parque, onde conhecemos algum do Staff, e, claro, o nosso Senhor Doutor J....ah...Doutor...o nosso João, que depressa nos esclareceu da necessidade de o tutuar, uma ordem que à Paulinha custou horrores a cumprir, e que até para as outras 3 não foi fácil, pelo facto de nos encontrarmos quase corcundas de admiração e intimidação. Afinal, eis um homem que atira dardinhos com substâncias de potencial extremamente mortífero às arredondadas nádegas de animaizinhos que nada suspeitam – é caso para dizer: quem tem c*, tem medo!

Choviam nomes! E nem todos são tão fáceis de decorar como o do Marcos, que não precisa de fazer dieta porque tem uns lindos olhos azuis (palavras do próprio), do Rui, also known as “Ico”, que é tão hiperactivo quanto javalizinho do mesmo nome, ou do Tiago, o muy bem falante a charmoso baby-sitter com a paciência (quase) infinita (ainda estamos a testá-la!).

Os ruminantes têm, na sua grande maioria, 2 chifres, mas, bolas! Quais é que eram os citatungas, quais os spring bocks, quais os eeeelronds ou lá o que era? E os loris eram mamíferos ou primatas? Não havia uns loris com olhos grandes que vivem em troncos? Búfalos, muflões, gamos, veados, uns turacos à mistura, mas esses eram aves ou será que não?) gnus daqui e dali e de cauda branca, dromedários que são da zona da Arábia ou da Mongólia se tiverem duas bossas e forem camelos....fuuuu...nem sabíamos o quão ignorantes éramos! Foi muito bom reconhecer umas zebras, e de resto algumas personagens do rei leão, apesar de eu passar a vida a mandar calar as restantes criaturas que, quais criancinhas de 6 anos, enxovalhavam a dignidade do nosso curso exclamando: “É o Timon!! É o Pumba! É o Rafiki!” (quem escreve pode enxovalhar a dignidade dos restantes, é um privilégio artístico. O pior é se a fotógrafa tem o privilégio de publicar fotos minhas a ser cuspida por uma lama, como vingança....)

E encontrámos um velho conhecido: O nosso Francisco açoreano, uma excelente adição à equipa eborense, uma vez que agora podíamos contar com a força bruta de um homem conhecido, ao qual não nos sentimos inibidas de pedir ajuda ou fazer perguntas. Por esta altura já tinhamos sido apelidadas como “Equipa da Barbie” por um dos tratadores , uma denominação pouco lisonjeante para os dois lados: para mim, que não sou uma boneca fútil e oxigenada, e para o resto das meninas, que não são minhas súbditas...FUNF!
À hora do almoço tivemos a sorte de poder comer na fila dos “clientes”, em vez de na do staff, o que aparentemente é muito bom, uma vez que a comida do staff parece não ser adaptada às necessidades nutricionais do homo sapiens, o que de resto provoca algum mau bem-estar animal na população desta espécie, e até brigas, por vezes.

Depois do almoço seguimos para o safari, para procurar o sítio na vedação por onde os javalis, uma cambada alegre de cabeçudos suínos com vários riscadinhos muito engraçados, tinha saído para ir incomodar o bom funcionamento do show dos lémures, que se refugiaram nas árvores e se recusaram a descer perante tão inesperada aparição. Pelo caminho, para além de buracos encontrámos também alguns ovos de avestruz, que teriam a capacidade de explodir, caso tivessem uma acumulação de gás suficiente no seu interior, um prospecto hilariante, pelo menos na perspectiva de não ser eu o alvo receptor de tal explosão. Acabámos por levar um ovo, e, sob alguns sons de ânsia (GAAAWK) dele extraír um pinto em decomposição, para então proceder à elaboração de algo tão artístico quanto os candeeiros-ovo que existem em casa do Hélder. Efectivamente tal ainda não sucedeu, pois o que ainda não conseguimos extraír foi a totalidade do cheiro nauseanbundo e das membranas ovígeras da nossa matéria prima, que neste momento se encontra, cheia de água, a fermentar encostada à parede da clínica. Já voltamos a este projecto!

Seguiu-se a vacinação e desparasitação de alguns pastores alemães que também existem no parque, que nos deu hipótese de por em prática tudo o que já aprendemos, desde tentar furar as tampas dos frasquinhos das vacinas, até inocolarmo-nos a nos mesmas com as seringas, mostrámos bem o que valemos, e que não nos podem dar etorfina para as unhas, sob pena de nos executarmos umas às outras imediatamente... mas mostrámos também à vontade na contenção dos canídeos, e boa capacidade de introdução de comprimidos na goela dos mesmos.

Como ainda não estávamos suficientemente rotas e estafadas, ficámos para a caça nocturna da avestruz, uma saída invulgar, à luz das estrelas, com a finalidade de capturar várias destas imponentes criaturas aladas que deveriam seguir, na manhã seguinte, para uma quinta de produção de penas que são exportadas para o Brasil. Para adornar os bumbums das sambadoiras boazudas, presumivelmente.

Não tínhamos a mínima noção de quão depressa correm estas princesas pernudas, nem de quanta força têm, e seguiram-se horas de perseguições furiosas, de jipe, entre as árvores e pala várzea, no encalço das nossas presas. A dada altura falhámos uma árvore por escassos 10 cm e noutra aflorámos levemente um destes velozes passarinhos, de forma a que ela acelerasse ainda mais e o jipe nunca mais fosse o mesmo. A porta só voltou a abrir depois de ir ao bate-chapas. Já a ave, nem ai nem piu.

A banda sonora desta romântica aventura selvagem foram os roncos de alguma espécie de ruminante (FONC-FONC) alguns cantos de Gnu, as cigarras, e o vocabulário incrivelmente colorido do nosso Ico, cuja energía invejável parece provir, em boa parte, de uma propulsão verbal sob forma de cara*hadas sonoras, que reverberam entre os eucalíptos até uma distância em que já não se ouve o barulho do jipe, e mal se avista os faróis...!

Entretanto, no meio da confusão, obtive a resposta prática à pergunta “Acontece alguém caír da carrinha?” sob a forma de uma curva apertada, que, numa nuvem de pó, e acompanhada de um guincho paniquento da Paula, custou o equilíbrio à Ana Lurdes (e quase à Paula também, não a tivesse eu agarrado que nem um chimpanzé), projectando-a quase para o meio do bailhinho de forcados amadores de avestruzes, que se agitavam à volta e em cima de um exemplar particularmente reticente à captura. “E não é que as p*tas deram em morder?!” exclamava o Ico, com os dedos enfiados no bico da vítima, parcamente imobilizada pelo peso conjunto do Francisco e do Marcos.

A dada altura ficámos sozinhas no tractor, a sentir-nos maravilhosamente selvagens, no meio de uma manada de búfalos híbridos (africanos cruzados com asiáticos) que apesar de terem um aspecto assustador e um caparro que daria para virar um jipe, são animais surpreendentemente meigos e afáveis, com umas línguas roxas e compridas com que babam tudo o que lhes passa pela frente.

Ao fim de algum tempo, apercebemo-nos de uma coisa: Aquilo era decerto uma praxe!! Com certeza que os rangers do parque levavam para ali as estagiárias para então as abandonarem e irem beber minis no bar do parque, fazendo apostas até quando as desgraçadas ficariam no meio do safari à espera! Quase os ouvíamos: “Hahahaha, devem estar borradas, lembras-te das últimas, que só saíram de lá às 4h da manhã?!” O-ho, mas não connosco! Estávamos prontas para tentar ligar o tractor, que não tinha luz, e fazer um cross-country por cima de todas as vedações eléctricas até ao portão do parque, mas o facto de nenhuma de nós saber conduzir um tractor abrandou-nos o suficiente para dar tempo aos caçadores de avestruzes de voltarem e nos perguntarem se achávamos que eles eram malucos, e que nunca fariam uma praxe dessas, até porque era perigoso... Tudo bem, mas mantenho que comer aqueles Maltesers gigantes que nos poderiam ter trazido do paddock dos dromedários também teria sido perigoso...

Apanhada a última avestruz, sem o gancho de enfiar no pescoço, mas numa espectacular captura do João, que a agarrou pelo pescoço em plena corrida, e enfiada no estábulo correcto, não sem levar um cachação no seu impertinente pescoço, quando tentou fintar o Ico, estávamos prontinhas para ir ara casa...No dia seguinte começaríamos às 8 da manhã! Chutos&Pontapés em Grândola ardeu, como é óbvio.

Dia 27 terça
Mas se pensávamos que apanhar era a parte mais difícil estávamos enganadas, carregar avestruzes também não é pêra doce! O implacável Ico com o seu gancho supersónico entrava no interior do estábulo no qual tínhamos isolado uma das pernilongas, e sob influência de adrenalina e alguma loucura natural, enganchava-a, para então lhe segurar o bico, provavelmente rezando para que um pontapé bem aplicado não lhe pusesse as entranhas ao descoberto... Sob pena de ser remendado por um veterinário e alguns proto-vets, e de possivelmente nunca mais ser o mesmo. ( E isto já depois de uma travagem imediata de um condutor deveras obediente à ordem PÁRA! o lançar contra os taipais da carrinha com as partes baixas) 

Assim dava tempo para lhes tapar olhos e entrar o swat-team constituido por mais dois homens (João e Francisco) que imobilizavam as asas e a arrumavam no reboque de cavalos de marcha atrás, entre cangochas e dentadas. Quem dava as cangochas e dentadas era a ave, obviamente, não o João e o Francisco. As estagiárias relatavam os acontecimentos para a câmara, empatavam o caminho, invejavam a acção e conversavam alto demais, enquanto isso. Mas também tiravam algum sangue, quando se concentravam. Houve igualmente uma boa quantidade de apalpões e palmadas em rabos, mas mais uma vez isso não nos envolveu a nós mas somente aos homens, sendo o Ico o principal receptor.

O resto do dia foi m*rda...literalmente! Era preciso limpar as ilhas dos primatas, e deixem-me que vos diga, os primatas são muito muito porcos. Esmagar, pisar, esfatachar c*gar em cima de tudo o que se lhes dá de comer, coprografiti, diarreia nas paredes, name it, they do it! É um cenário de destruição e emporcalhice que aponta para hábitos nómadas (depois de nós o dilúvio) que nós temos de recriar através de uma limpeza cuidadosa com mangueiradas na totalidade das instalações, bastante lixívia e uma boa dose de humor, pois se os pequenos desafios são equilibrar as folhas de couve com cocó que acabámos de retirar do esgoto, os grandes são não ficar com a farda tipo dálmata da lixívia e não encharcar por completo o nosso parceiro de rodo ou vassoura – já não falo nos pés, esses, quando calçados de ténis, inevitavelmente ficam a fazer chloc chloc, e com uma boa base para um creme de lama, em contacto com o abundante pó, uma criação que pode depois ser complementada por uns salpicos de praganas e picos de feno, para maior sofisticação individual e um toque irreverente. Obviamente nós fizemos isso tudo, com destaque para o pó integral. Ninguém estagia no badoca, no verão, sem saber o que é RANHO PRETOOOOO!

Seguindo para as girafas, zebras e avestruzes, em todo o lado o lema do parque é o mesmo: Levar a menor quantidade de terra possível! Nas instalações dos animais cumpri, sou um génio do ancinho, e não nos apetecia mais uma tonelada de matéria no carrinho de mão, mas, como também tenho a minha costela de revolucionária, desafiei o lema levando uma grande quantidade de terra nas orelhas e outros locais pouco acessíveis. Tomem! Não mandam em mim!

Terça-feira é dia de chegar a fruta, e como o parque tem um plano muito inteligente de aproveitamento de fruta de grandes superfícies comerciais – as sobras, as peças de fruta que os clientes põe em sacos e depois, por alguma razão, escondem no corredor das lâmpadas, os restos das caixas, as amolgadas e furadas, etc – há sempre uma grande quantidade de fruta para arrumar e separar, uma tarefa que nos coube a nós.
Quero ressaltar que a Jess detesta fruta: devido a traumas de infância mal ultrapassados (Tens de comer a fruuuuta, Jéssica Sofiiiia!) (eu sei que é sem acento), fruta para ela é mau, andamos a fazer uma dessensibilização cuidadosa, e já são tolerados morangos, melancia e eventualmente um gomo de laranja, e agora estragaram-me o trabalho todo com um flooding de fruta podre que a deixou pálida e tremelicas... A mim transcende-me, não consigo achar uma fruta ou um vegetal nojento, por muito podre que esteja, exceptuando talvez a batata e a cebola, que têm um potencial vil, e vá, couves, mas ao que parece ver me espetar o dedo numa pera com uma circunferência putrefacta, e remover o conteúdo com um shhhhglitch bem aplicado foi quase estomacalmente doloroso...

Já digo, mil vezes fruta podre que distribuir feno sem forquilha, ao palhaço, simão e colegas, com mais ou menos vírgulas, na quintinha, pois aquele feno tinha agentes urticariosos da pior espécie...
Fomos para casa encardidas, cobertas de pó, com as peúgas a picar em cerca de 15 sítios diferentes, mas todos eles onde os nossos dedos não chegavam, e na praia estava frio...

Dia 28
A pior altura do dia é acordar de manhã, pois há aqueles 10 minutos em que nos questionamos porque é que nos metemos num estágio de Verão que nos ocupa as últimas 3 semanas de sol e férias, que nos esgota fisicamente, nos deixa sem tempo, nos enche de trampa, e nos faz acordar com um sono infernal... Para ir distribuir uma quantidade surpreendente de comida, sementes, fruta, pózinhos de néctar dissolvidos em água, pintos decapitados, peixes mal-cheirosos e verdura picada por um aviário inteiro cheio de inquilinos com nomes difíceis e hábitos ainda mais difíceis. 

Os turacos tem um bico pequeno, logo é preciso fruta muito pequenina (menos quando se trata de engolir uvas inteiras, aí as pequenas bestas de repente abrem uma goela gigante! Bem os vi!) as araras pegam com o pé, logo os pedaços têm de ser grandes, as cockaburras só comem as cabeças, asas e patas (ou não, ainda estou a discutir isso, eventualmente também comem pintos esfolados, mas esses ao que parece também são comidos pelas formigas, mas enfim, isto é outra história) (Né?!!) 

Os histéricos dos ibis comem o resto dos pintos, ou peixe, quando páram de se atirar contra as grades, os calaus têm bicos gigantes mas também são frutívoros, e precisam de fruta com muita água, porque não a consomem do bebedouro (ou isto são os turacos...oh céus!) a tartaruga quer a verdura mesmo ao pé do focinho, os loris bebem néctar mas até dão conta dos pedaços maiores porque têm bicos curvos valentes, e as fracas são os mesmos extraterrestres de sempre: Carác-carác-carác!

Mas tudo vale a pena quando ouvimos que vamos anestesiar gamos! É preciso ir no jipe (o que dá um ar deveras profissional, uma vez que temos todas t-shirts do parque, beges, e ninguém sabe que estamos cá há poucos dias, por vezes até nos fazem perguntas, e nós respondemos com um ar muito entendido onde é a ilha dos primatas. Ainda por cima eu apanhei a única t-shirt que é minúscula e não parece um saco de batatas, o que me deixa francamente feliz, ainda que a Ana Lurdes afirme que sou uma *imaginar gesto e andar afectado, tipo louva-a-deus aqui* com uma t-shirt pequena demais para mim.

Aproximamo-nos dos grupos de animais no safari, e o João anestesia-os com um dardo com uma mistura de ketamina-medetomidina-butorfanol, - vou vos poupar os pormenores farmacêuticos e a constituição do dardo, que é atirado com uma espingarda própria e despeja quando, ao entrar na pele, uma pequena anilha de borracha que escorrega para trás liberta um furo na agulha – depois não tiramos os olhos de cima do animal, e uns 5 min mais tarde ele cai, é recolhido, e depois de tirado sangue na jugular, desparasitado e suplementado com vitaminina E e selénio injectável, acordado com atimamezol e armazenado num estábulo à parte.

Os filetes pescada com arroz uncle bens (daquele que é soltinho, mas é nojento na mesma, e não sabemos explicar bem porquê, se calhar porque é de uma saqueta de microondas...ou então é parboiled... nherk) também não foram maus e seguiu-se mais alguma limpeza de jaulas de macacos e escolha de frutas.

Os babuínos e mandris são nojentos, mas verdadeiramente assustadores são os chimpanzés, são uma família feliz de 3, papá Jonas, mamã Ema e filhota Flor, havia mais duas meninas, mas elas não sobreviveram ao Jonas, tal como uma outra juvenil que, depois de rejeitada pela mãe e criada à mão ao tentar interagir com o pater famílias ficou sem um braço e teve de ser eutanasiada. Charming, hey? 

No tempo em que os estive a observar de uma distância segura a fêmea cuspiu-me várias vezes, foi, inclusivé, buscar água para cuspir mais quantidade, a bebé tentou roubar o leatherman do João (e quase conseguiu) (não sei o que se seguiria, desmontagem da jaula e domínio do mundo, provavelmente) e o Jonas fez um tal espectáculo de demonstração de força, com bater os pés e saltar contra as grades que de facto fiquei muito intimidada...encontrar-me com ele sem grades no meio transformou-se num novo pesadelo meu.

Finalizámos o dia com a limpeza do aviário, que dá pano para mangas, mas uma coisa que é boa é que ninguém nos trata como reles limpadores, se estivermos a limpar, está sempre um tratador a limpar connosco, desta vez o Marcos, que não só tem uns bonitos olhos azuis como ainda nos informou que gosta bastante de esfregar e esfregou incansavelmente os bebedouros, ainda que estivessem todos partidos no topo, não mantendo o vácuo... Mas enfim, o lixo do ecoponto amarelo também se quer limpinho!

Dia 29 Agosto, Quinta-feira
Se não tivéssemos enchido tanto a boca ontem, a afirmar que já sabíamos tratar de todos os bichos no aviário, provavelmente teríamos tido mais lata para perguntar as milhentas coisas que ainda precisávamos de clarificar, mas a nossa ufanice, juntamente com o facto de não termos chegado às horas necessárias, deixou-nos um pouco culpadas e bolinha-baixa... Nem todas as tartarugas foram alimentadas, e os íbis só comeram metade do que teriam gostado de comer, mas, e daí, também a maior parte de nós sente isso todos os dias...

Seguiu-se o filme Captura de gamos – a saga continua, com uma colheita de 2 machos e duas fêmeas, sendo que perdemos uma delas de vista e andámos a procurá-la um bom bocado. Eu passei por ela sem a ver (shame on me) mas em compensação encontrei umas hastes de veado com um pedaço de crânio agarrado, as quais irei alegremente usar para qualquer coisa foleira, tipo colá-las à parte da frente da Zoey, se em tal me ajudar o engenho e a arte. Ou então não, que são capazes de mas roubar. A Zoey, para quem não sabe, é a minha carrinha. Agora por carrinha: a nossa qualidade de vida aumentou exponencialmente com a colocação de um banco na carrinha. Agora viajamos em grande estilo E grande conforto. Um obrigado ao Sr.Zé Pires!

O almoço foi carne assada e arroz com batatas e salada, o que foi bom, e o Zebro com o golpe na pata, do qual ainda não falei, mas que está suturado e a tomar antibiótico, melhorou imenso com a alteração do antibiótico. Ficámos sozinhas a limpar o zebral, após prometermos muito cuidado, e ainda assim o Tiago materializou-nos uma zebra maluca, que entrou pela porta da estrumeira, e que tivemos de enxotar numa acção conjunta, não fosse alguém acusar-nos de incompetência na invasão zebril...

Feito isto, dividimo-nos em dois grupos, a Jess, como mulher de aves que é, foi  com o João fazer um raio x à pata do turaco coxo (ou devo dizer, claudicante), que ainda estava fracturada, e as restantes fomos ver o show de aves de rapina, das 16h, que tinha umas quantas personagens muito interessantes, tenho de ir verificar nomes... e aprender como tirar a pele a pintos, antes que a Sylvie me tire a minha...

Dia 30 Agosto, sexta-feira
Se hoje nos sentimos profissionais a tratar das aves, tal sensação não vai durar muito, pois amanhã receberemos ordens escritas da Sylvie de como os alimentar correctamente, e creio que não haverá abébias para a substituição de mistura para aves de capoeira por bolinhas dos flamingos e verduras...
Seguiu-se uma intervenção veterinária deveras interessante, que passou por anestesiar um jovem búfalo que apresentava uma tumefacção na zona da tiróide, com suspeita de abcesso. O rapazinho foi deitado abaixo com um cocktail de fentanyl, um opióide sintético 10 vezes mais potente que a morfina, uma vez que não havia etorfina suficiente e a que havia teria de ficar para uma eventual emergência nas zebras, que curiosamente são fentanyl resistentes.

Levámos também butorfanol que ajudaria no caso de haver uma depressão respiratória notória uma vez que ele é um antagonista dos miu e agonista dos kappa, contrariando alguns dos efeitos adversos dos receptores miu, ao mesmo tempo que o superficializa. Como o primeiro dardo não despejou por completo, e a anestesia não foi a desejada, foi necessário aumentar a profundidade – o que inviabilizava o butorfanol, de imediato, para aumento da frequência respiratória, pelo que este efeito foi conseguido através da utilização de doxapram.

Acrescentou-se, portanto, alguma ketamina e medetomidina, intramuscularmente. Como revertores, usou-se a naltrexona para o fentanyl e a azaperona para a medetomidina. Para além da anestesia e do microchip ainda foi administrado selénio e vitamina E e uma penicilina, um dos únicos antimicrobianos que efectivamente consegue penetrar uma cápsula de um abcesso e ter algum efeito sobre ele.

A cirurgia em si passou pela incisão da tumefacção, após uma punção ter revelado um conteúdo de pús cor de maionese, que nos deu acesso, após alguma escarafunchação até profundidade surpreendente, a uma bela quantidade de pús de cheiro pouco agradável, mas não demasiado pestilento, e coloração maionese+ketchup. Algum foi espremido, o restante lavado com repetidas seringadelas de água com clorexidina, ficando uma janela aberta no fim, com um dreno de borracha suturado à pele, para evitar que a incisão fechasse, e permitir a purga continuada.

Nós, estagiárias orgulhosas, esprememos, seringámos, tirámos as constantes vitais, espetámo-nos com mais seringas (felizmente sem etorfina) enxotámos os outros búfalos, enfim, estávamos nas sete quintas...creio que até enojámos os profissionais, com o nosso interesse mórbido pelo pús em toda a sua consistência e com todas as suas características físicas, incluindo o odor.

Almoço: Solha com arroz e salada

Eu perco-me com os primatas...a alimentação dos babuínos é de ir às lágrimas, uma vez que eles são um bando muito vivo, no qual há sempre algo para observar. Uma das fêmeas tem uma cria pequena, de aspecto bastante pelado e frágil, que no início da alimentação é incerimoniosamente colhida da maminha da mãe pela própria, e depositada no chão (“Deixa-me comer, gaiato d’um c*brão!”) onde fica, primeiro com um ar miserável e encolhido, mas depois começa a enfiar o seu engraçado nariz puerilmente arrebitado em tudo quanto é comida. Mas a felicidade de ter encontrado um pêssego que chupar é de pouca dura, uma vez que o macho dominante não concorda que a sua prole ande ali ao Deus dará, e prontamente o pega por uma qualquer extremidade para o atirar na direcção da progenitora, num arco elegante, um “à rojo” como se diz em bom alentejano. Portanto, o pobrezito não está bem nem aqui, nem acolá, mas eu, que ignorava as preocupações paternas dos babuínos, continuo fascinada...

Um momento em que me continuo a sentir como uma menina pequenina é quando as girafas se aproximam da carrinha de caixa aberta em que percorremos o safari, com os nossos baldes e sacas de ração.
Obviamente todos os animais a associam a comida, mas quando as três girafas de Rothschild, dois machos e uma fêmea que esperamos muito que esteja grávida (os testes aos níveis de progesterona nas fezes, feitos em França, confirmam-no com uma certeza de 70%)  vêm até mesmo ao pé de nós, baixam os seus incrivelmente sáureos pescoços, e ficamos com uma cabeça do tamanho de um Winstinho (medida de tamanho e peso universal) mesmo colada à nossa...é indescritível. Sinto-me uma cabeça de ervilha. (Ou devo dizer: portadora de leguminosocefalia?) São incrivelmente belas e apesar de poderem ser histéricas e dar coices mortíferos ou cabeçadas de rachar o crânio, emanam uma meiguice e inocência que me faz compreender o carinho com que o João fala delas. Têm olhos enormes e pestanudos, e aceitam pellets de ração com a sua língua de enguia ágil.

Os dromedários também são muito grandes, muito maiores que cavalos, talvez daí a denominação de “barcos do deserto”, mas parecem mais peluches gigantes e simpáticos, não inspiram a mesma admiração respeitosa que as girafas. São do meu top 5 de animais que me fazem exercer muito autocontrolo para não os tentar abraçar ou pegar muito mais do que eles gostam. Os vencedores são os lémures, claro...com aquelas mãozinhas pretas é mesmo muito difícil não os abarbatanar e apertar!

Já os tigres nunca hão de ser dos meus favoritos, sei que são o animal de sonho de muitos protovets, e reconheço-lhes uma beleza selvagem inigualável, mas ao mesmo tempo parece-me sempre que não deviam estar ali... O tratamento deles está associado a regras de segurança apertadas, como é óbvio, e ainda assim à hora da alimentação, quando os oiço rugir em frente das grades, enquanto acabamos de preparar a carne com os 3 comprimidos de amlodipina, um bloqueador dos canais de cálcio (vasodilatador, por inibir a contracção muscular também a este nível) que consequentemente são anti-hipertensores, para o macho, que tem problemas renais, provocam um pânico visceral, irracional e...esperem, há outra palavra: atavístico .

Dia 1
Infelizmente as badalhocas no badoca não conseguem manter um diário coeso, de modo que, tudo o que me lembro deste dia, é que conheci os coatis, que são pequenos mamíferos parentes narigudos dos guaxinins, que comem fruta e carne (pintos, codornizes, etc), menos uma fêmea, que é vegetariana. São muito engraçados, e fui lá com o Ricardo, que é o namorado da Sylvie.

Dia 2
Chegou uma estagiária nova, uma miúda de zootecnia, de évora, cuja cara não nos era estranha. A Jess prontamente descobriu que ela se chamava Débora, e assim pude fazer um brilharete logo assim que a vi, chamando-a alegremente pelo nome. A partir daí, usei-o mais várias vezes, até ela me informar de que se chama, na verdade, Soraia, e que não faz ideia quem seja a Débora. Caso para dizer: perdi uma belíssima oportunidade de manter a minha grande boca fechada. Como já dizia o charmoso Marcos: “Quando???” e à minha inocente pergunta de retorno “Quando é que o quê?” replicou “Quando é que te CALAS?”. Bem, guys, nós todos sabemos que a resposta a isso é “Quase nunca, efectivamente, quase nunca.”.

Posto isto, tenho lacunas de memória neste dia.

Mas sei que o acabei com o Ricardo, a tratar dos primatas, o que me deu oportunidade de ficar a observá-los imenso tempo, uma vez que o Ricardo, apesar de os conhecer muito bem, e de ter um notório carinho por eles, não se parecer importar nada que eu ficasse uma boa hora a observar estes meus parentes.
Acho que estou quase a ser aceite pela Ema, a chimpanzéia, que consegue cuspir certeiramente às pessoas de quem não gosta. Agachada aparentemente não sou tão intimidadora, e o Ricardo pôs-se à minha frente uma vez, e ralhou um pouco com ela, quando ela quis cuspir, acho que com paciência vamos lá. Ao fim de estarmos há algum tempo a interagir com a Ema e a Flor, o Jonas amuou, foi-se enrolar a um canto, e parecia um velho rezingão a mandar o mulherio calar-se com sons de protesto.

O babuíno bebé, que continua pálido e pelado, e tem uma barbicha tipo “mosca” no queixo, para além de ter só uma sobrancelha, faz me lembrar alguém, mas não me ocorre quem. Hoje foi apanhado por um jovem hooligan, que, num súbito acesso de sentimentos paternais ou quiçá pedófilos, o agarrou pela cauda, e andava para todo o lado com ele. Enquanto o arrastava, o pequeno chiava terrivelmente (embora não devesse haver perigo, uma vez que mãe nem se ralava), quando o outro afrouxava, lá havia tempo de comer uns grãos de arroz, e intermitentemente chamava baixinho pela mãe. Só me consegui vir embora quando o vi são e salvo de volta às maminhas chupadas da progenitora, o que fez com que a restante equipa eborense tivesse de apanhar um secósio dos demónios à minha espera.

Dia 3 de Setembro
Ao tratar das aves, aproveitámos para filmar a guerra fria que se continua a desenvolver entre “os gruas” e “o funcionário Jéssica”. Uma dia alguém vai ser atacado pelas costas e levar asadas no focinho e ser gripado “pelos lábia”, e espero não ser eu... Procedemos também à contagem dos inquilinos, e já conseguimos, proeficientemente, identificar melros metálicos, estorninhos tricolores, loris, e até os turacos piscatoris, agora entre os t.leucotis, os t.persas e os t.híbridos...vai lá vai...!

Continuámos a anestesiar gamos, mais 4, com um profissionalismo que rasava o desinteresse, profissionalismo este que definitivamente me faltou quando fui incumbida de abrir a jaula de uma das fêmeas tigre (diz-se tigresas?! Só me faz lembrar peruas humanas com unhas de gel daqui a alcácer e tops de leopardo...) e prontamente, muy ocupada com a abertura correcta dos ganchinhos e alavancas, cujo funcionamento já me tinha sido explicado, e que eu sabia fazer muito bem, libertei a gata gigante pela porta completamente errada. Felizmente não há uma porta que dê para a liberdade, ou para o sítio onde as estagiárias estúpidas aguardam, mas somente uma saída para uma jaula adicional de tamanho mais pequeno. Mas não deixou de ser um abre-olhos do potencial destrutivo que uma pessoa tem. Não admira que não confiem em nós nem um cadinho...

Após um almoço mais uma vez muito aceitável (acho que era carne assada) fomos em peregrinação depositar o requerimento ao Presidente da FMV aos correios, na esperança de me conseguir meter no mestrado em Lisboa.

Os correios estavam fechados e só abriam às 14h, o que nos atrasou, e possivelmente despoletou a atribuição cruel de trabalho escravo na ilha dos primatas. Apanhar ervas daninhas arrancadas, mas sem instrumentos! Isto para ficarmos com brotoeja em tutti il corpi, transpiradas, vermelhas, e ainda termos que ser amáveis para as pessoas que esperavam ver outro tipo de primatas naquele local. Afirmei várias vezes que era quase igual, e que nós até éramos mais interactivas, mas ainda assim pareceram-me desiludidos. Ainda pensei em iniciar uma dança de dominância e show-off à la Jonas, mas pareceu-me exagerado. O que valeu foi a melancia e o melão final – deixem-me dizer-vos que aqueles animais comem coisas que estão impecáveis!

Perto do armazém, foi ministrado um banho de mangueira ao Ico, que o merecia, por várias razões. Os outros ainda se seguem! Pior foi que ele nos desmontou a torneira, numa manobra de segurança algo exagerada. Seguiu-se a elaboração de um segundo vídeo humorístico no qual eu, com a Jess às cavalitas, exemplifico os “4 andamentos do cavalo normal” (e isto porque não tenho pernas suficientes para o  “tölt” dos islandeses), com trote levantado e tudo, e cangocha final. Não, minto: final foi a corrida das avestruzes, com o Ico a inquirir como é que nos apanharia com um gancho...

E no fim do dia o Ricardo ofereceu-me um Bolicau caseiro, e às outras não. IN YOUR TROMBAS!

Hoje, dia 4 de Setembro, as minhas 3 colegas grouas abandonaram-me para tratar de assuntos burocráticos, com o frisbee e o carro do Winston, pelo que ao fim da tarde nos encontramos apeados e impossibilitados de nos estoirar todos na praia...mas nem tudo é mau, é da maneira que ponho isto em dia.

Aproveitei a ausência das referidas pássaras para ter um dia em cheio, tudo bem que começou pagãmente cedo, como de resto, sempre: às 8 da manhã, e logo com as ilhas dos primatas, o que me deixariam extremamente feliz e satisfeita. Deixaria,  estivesse eu estagnada na fase freudiana da retenção anal, e conseguisse eu retirar alguma satisfação da actividade de esborrachar fezes com vários graus de solidez (de nenhuma, (splat splat splat) até razoávelmente formadas) com um rodo e alguns quilos de casca de melão.

Como não estou, foi-me mais divertido carregar os pequenos gamos que tínhamos anestesiado e capturado com tanto carinho, armazenando-os depois num compartimento à parte, onde agora, na iminência de serem colocados em caixas transportadoras, executavam os 7 actos de loucura conhecidos à classe dos cervídeos, incluindo arruinar os nossos esforços de os entregar em bom estado de conservação, investindo estupidamente contra as paredes em pânico desnecessário.

São animais muito bonitos, não é por nada que se diz que alguém tem “olhos de bambi” quando são olhos grandes, escuros e meigos, mas a força e pujança com que se conseguem catapultar para alturas incríveis são tudo menos delicadas.

Felizmente tinha ao meu lado os valentes Ico e Francisco, que não me deixam, de modo algum, colocar-me em situação alguma remotamente perto do perigo (neste caso pequenos gamos de 20kgs), sendo que o Ico, da única vez que fiz alguma coisa útil e agarrei 2 me gritou tanto que os voltei a largar antes que ele tivesse um enfarte, e passei o resto do tempo com uma mão em cima do braço dele, só para ele saber onde eu estava, e que não estava a ser espezinhada, escoiceada, ou saltada contra.

E havia também a equipa externa, constituída por um senhor de cor-de-rosa (vá se lá saber porque é que um homem há de querer usar semelhante cor, e parecer um marshmallow) e os seus dois rapazes do cabelo fantástico. Creio que para trabalhar para este senhor, era pré-requisito ter um cabelo esvoaçante, que com o comprimento de um palmo, que contorna a cabeça numa espécie de semi-elipse semelhante à via láctea.

Depois passámos a anestesiar o minignu, que se apresentava, já há vários dias, letargico e trôpego, e, ao andar, com algumas dificuldades. Cheguei à conclusão que são bichos pouco apegados, uma vez que a mãe se borrifou para o facto de lhe levarmos o piqueno, e o piqueno nem sequer tugiu nem mugiu (no verdadeiro sentido da palavra) para pedir auxílio. Ele é uma espécie de poldro-bezerro com uns 40gs, uns olhos de permanente espanto máximo (efeito que a ketamina ainda potenciou)e orelhas de lebre. 

Depois de radiografado em várias posições o João e o Dr.Manuel, especialista em cavalos, chegaram à conclusão que se trataria, muito possivelmente, de uma epifisite, de um processo inflamatório na epífise, portanto, que se manifesta em dores e consequente claudicação. A zona das placas de crescimento estava menos delimitada, no raio-x, com uma coloração mais enevoada, e o tratamento passará por controlar a inflamação (metacam) e bastante repouso. 

O repouso no safari é difícil, pelo que se resolveu que seria preciso prender o pigmeu com a mamãe gnua no recinto das girafas, o que por sua vez implicava anestesiar a mamã, pô-la em cima de um jipe, com a ajuda de um tractor, levá-la para a box, onde deverá permanecer sedada com aloperidol e prefenasina, na esperança de assim não partir aquela infraestrutura toda. Giro giro foi ver o pequeno gnu reencontrar-se com a progenitora, que ainda estava deitada, meio groggy. A criaturinha soltou um béééé comovente, que penetrou até à consciência da mãe, que respondeu, sem se conseguir levantar ainda, e então o pequeno deitou-se ao lado e começou a comer feno. Tudo está bem quando tem mãe.

Algures entre folgas que precisei de tirar para trabalhar, e a burocracia adajente à minha mudança de universidade, perdi o sentido dos dias, e já não sei o que se passou quando...pelo que a datação passa a ser absolutamente aleatória. Acho até que já escrevi diário detalhado de dias em qua não estive presente, logo das duas uma, ou ando enganada nos dias, ou na realidade, e penso que estou onde não estou, e destas duas, quer me parecer que será a primeira opção.

Vamos falar de fezes de macaco mais um pouquinho? Hoje a Paula afirmou com muita seriedade que até “tem pena dos rodos”, e percebo exactamente o que ela quer dizer, pois quando ainda estamos à espera que o depósito da água encha, para que tenhamos pressão na mangueira, e “rodamos” as poias e os restos da “tomatina” a seco, fazendo triagem cuidadosa das cascas de tamanho superior ao diâmetro das tubagens do esgoto, realmente dá dó...

Mas adiante, pois tenho muita coisa engraçada para relatar. A jess está absolutamente convicta de que vislumbrou um pénis de avestruz, por exemplo. Agora é verdade que aprendemos muita coisa sobre estas aves, mas sempre pensei que aves, para além do pato, que tem uma espécie de fusili como piroca, a grande maioria acasalava juntando cloacas, e, no melhor dos casos, uma espécie de pelezinha rudimental. E aí surge um aveztruzo, para me esclarecer de que, não, afinal é mentira: estes passarões têm até 40 cm de pénis eréctil, com uma espécie de goteira espermática! Eles andem aí! A jess tinha razão. What is next? Os dentes dos falcões?? Deixo-vos aqui o link para mais informação: http://scientopia.org/blogs/scicurious/2011/12/16/friday-weird-science-the-erection-of-the-ostrich/

De acordo com o meu bloquinho de notas, escrito na caixa do nosso veículo empoeirado, com  Ico o terrível ao volante, no qual aponto as coisas que ainda vos quero contar, e para cuja decifração, pela força das curvas e solavancos, admitidamente, preciso de um segundo rosetta stone, tenho uma conversa registada,  entre avestruzes e gamos, as principais vítimas das nossas caçadas.

Tanto as avestruzes, como os gamos, em consequências das nossas investidas diurnas e nocturnas, andam muito stressadas e esquivas, e imaginamos que a culpa é das avestruzes, que terão dito aos gamos o que nós fazemos.

- “Oh mestre gamo, tenha cuidado com os seus filhos, que aquele maluco do boné agarrou-me pelo pescoço que me ia partindo toda...ainda hoje me dói a glote, os tacos de ração?, engoli-los é mentira, ando a água e farinha dos equinos há uma semana e meia!”

Algures anteriormente afirmei não me encontrar estacionada na fase freudiana da retenção anal, mas pelo que parece é mentira, porque passo a vida a falar de cocó. Tshei, fizemos uma acção conjunta de apanhar todo os estrume dos padoques dos cavalos, (que bem precisavam)... Éramos 10 (João, Tiago, Marcos, Ico, Ricardo, Francisco, Soraia, Jess, Paula, Ana e Eu) (ou 11, então assim sendo, os dedos não davam para mais de 10). Foi uma loucura! Acredito que quebrámos vários recordes – o de carrinho de mão cheio mais depressa, o maior número de pás a encher um carrinho, o de mais larvas de escaravelho recolhidas para enriquecimento ambiental dos suricatas (e, no fundo, enriquecimento ambiental das larvas também, se bem que pela última vez).

Parecíamos garimpeiros durante a febre de ouro do Yukon, em miloitocentos e muitos (trocópasso), menos o Ico, que parecia um galinácio gigante, a escavar em busca de larvas: “PÁREM!! OLHEM ELAS ALI!! (só faltava o cot-cot-cot com que o galinácio chama a sua prole) OLHEM AQUELA GRANDE!!”, isto tudo com os inquilinos dos padoques a melgarem-nos a cabeça, estacionando as suas rotundas garupas em todo o lado onde não dava jeito, galopando entre os ancinhos e tentando derrubar os carrinhos de mão!
Certa vez, quando Ico “o veloz” tinha saído para despejar a pá do tractor que enchia em frações de minuto, o lazão tentou fazer para a portada aberta, não contando com a rapidez e determinação da Soraia, que, com certeza treinada por anos a correr atrás de cavalos fugitivos, lançou um ancinho para o espaço da porta com uma perícia, pontaria e elegância invejáveis a qualquer atleta olímpico de lançamento do dardo. Só tenho pena de não haver vídeo!

Algumas meias horas mais tarde, estávamos todos com um semblante menos brilhante, o ranho preto tomaria novas dimensões, creio que por esta altura as estalactites pretas me chegariam ao lobo frontal, o suor escorria e deixava caminhos mais claros na camada de pó, e o óleo com que o Marcos tinha oleado o seu tronco nú já nem brilhava... (não tinhas oleado o quê? Sou eu que escrevo, e escrevo o que eu quiser!). Sim, pois de acordo com ele, estagiárias são como homens, e também deveriam trabalhar de tronco nu. Riiiight.

Estava na hora da vingança da água, que vínhamos a prometer há dias, pelo que a Ana agarrou na mangueira, eu me assegurei de que ela teria metros suficientes, fizemos um sprint súbito e furioso que fez os homens afastarem-se em bando, como fracas perante a ideia de serem desparasitadas, e..... Arracámos a mangueira. Depois fomos recuperar o João quase ao pé dos canis (não gosta mesmo de água, ele) e pedimos charmosamente ao Ico que arranjasse a mangueira. Temos de tentar outra vez.

E depois há a Ritinha, que é omnipresente. O Deus dos Elands, ela está onde a carrinha aparece, com uma velocidade surpreendente, e com uma determinação feroz, toda ela orientada para apanhar o maior número possível de tacos de ração ou outras substâncias comestíveis, e só a visão do pauzinho de choques, com que também são tratadas algumas estagiárias (nunca eu) (mas é lindo, até pulam!) é que a consegue afastar pelo menos alguns metros. No primeiro dia é giríssimo, e admiramos a sua elegância exótica e enormes olhos negros, mas ao fim de dois dias estamos com os tratadores da velha guarda, a enxotá-la irritadamente, “Fora sua lambisgóia que vende o corpo por dinheiro!!” (ou algo de significado semelhante) para que ela páre de entornar os baldes das girafas que se encontram sobre a carrinha.

Entretanto, para piorar o meu caso – já sei que falo demais – enfiaram-me (a Jess) F16 no canal auditivo, e com isto não me refiro ao avião, mas sim às bolinhas de ração para aves, que têm o tamanho exacto para passar a audição humana de stereo para mono, e ainda agravar o meu problema: imaginem o que eu falarei se não ouvir bem...

Quem ouve extremamente bem é o Zorrinho, o falcoeiro, que estava a dizer qualquer coisa sobre uns ramos que só poderiam perturbar alguém se essa pessoa fosse um nórdico gigantone, ou então se tivesse uma mulher malcomportada que o tivesse granjeado uns cornos extraordinários, ao que uma de nós murmurou baixinho “Creio que os meus têm vindo a encolher, com o passar do tempo...” esfregando a testa pensativamente. E o Zorrinho responde com um “ENTÃO?! Isso tá praí complicado, não?” compreensivo... 

Mas entre todos, chegámos à conclusão que a encornadura passa de validade com o tempo, isto é, sendo cornudo uma vez, há uma extensão de tempo razoável para se chorar esse facto, mas com o tempo há uma regeneração e voltamos a ser “mochos”. Fico muito mais descansada.

Na véspera do nosso último dia combinámos um cafézinho de despedida com toda a gente que quisesse vir, e acabámos por nos encontrar numa cervejaria em Santiago, de seu nome Covas, o que será sem dúvida uma metáfora representativa do caminho que este local pavimentou para uns quantos estagiários incautos.

Devem ter sido de caixão ao covas, as p*tas que se apanharam por ali, e que no dia seguinte, quando era para estarem no parque às 8 da matina a picar pêssegos para os turacos, com certeza foram amargamente lamentadas. Nós não, claro. Exigências de cafunés, risadas sonoras e a descoberta de que eu sou incrivelmente gostosa de abraçar deveram-se somente à boa disposição das minhas companheiras...

O nosso condor açoriano chegou tarde e a más horas, com o João, e um rol de histórias engraçadas do zoo de lagos, onde tinham ido tratar da anestesia, parto distócico e por fim OVH de uma chimpanzéia e dos seus 2 amigos reluctantes, história esta que nos deixou divididas entre inveja ardente e curiosidade, uma vez que não pudemos ir, porque, claramente, o João gostava mais do Francisco do que de nós, depois de tudo o que nós houveramos feito. FUNF. Nada a ver com maior força física e uma formação mais completa.

Entre conversas sobre as “catapumbas” dos tempos dos romanos (o Ico estava a confundi-las com um engenho que atira pedras), galões e linguados (credo, juro que escrevi esta na perfeita inocência, foi mesmo o que jantei) ainda nos alongámos até à meia noite e tal, e ficámos felizes de no dia seguinte só termos de entrar às nove.

Do último dia temos só algumas memórias pontuais... Gamo fêmea que nos escoiceou...videos...Alguns de nós estavam meio azedos, e com dores de cabeça, mas ainda assim conseguimos concretizar um acto de grande maturidade que andávamos a planear há dias: Encharcar o Marcos. Tomatomatoma! O Tiago mostrou-se mais esquivo, e atacou como uma cascavél, levando a um ricochete da maior parte da água sobre o funcionário Jessica, que nada tinha a ver com o assunto. 

Acabou por se vingar na euzinha, vossa fiél escrivã, o que me pareceu bastante injusto, e me fez abandonar o parque sob suspeitas de incontinência.

Mas apesar de todas as molhas e amuos, não podíamos fechar este diário sem um carinhoso MUITO OBRIGADA ao nosso Staff! Vocês foram impecáveis, estão no meu top five, mesmo abaixo dos lémures e das girafas... (e só não escrevo nosso top five, porque sei que há algumas meninas que gostam mesmo muito dos tigres ;-)) Esperamos reencontrar-vos em breve, se bem que nos fará alguma confusão se tivermos de entrar no parque sob a forma de “meros visitantes”. Afinal, andar no comboiozinho, depois de termos trepado às árvores para apanhar ramos de quercus aos molhos, e de descobrir que sim, nas azinheiras pode haver bugalhos, ia parecer pouco... Quem sabe podemos combinar um dia na Azenha do Mar, mas não pagam as estudantes empobrecidas, tem de ser modo praxes, a dividir por todos, hehe!

Um até sempre,
Beijinhos,
Ana Lurdes, Jessica Barbeito, Paula Couto e a escrevente escrivã Luisa Fechner, que até a escrever tem verborreia.