Não sei se já sabiam, mas eu sou muito certamente “the
ladies choice”. Ah pois é...ficam doidas quando me vêem. Na universidade toda a gente sabe que sou uma
super-estrela, acredito que a mamã lhes terá dito que sou “most clever and
smart” e também um “beautiful boy”. O que é certo é que as miúdas me adoram, e
eu deixo sempre que me façam muitas festas e coceiras nos lombinhos, tadinhas,
deve-lhes fazer bem aos nervos.
Mas não é só na universidade! A caminho da cantina, ou na
feira de artesanato, as pessoas olham com espanto e admiração para mim, e por
vezes quando as abordo subitamente, pregam saltinhos de alegria e até guincham
(a minha mamã, que é estranha, nessas alturas chama-me muito, e pede desculpas
às pessoas) (é muito ciumenta, ela).
O carteiro e o senhor do gás ficam
petrificados de felicidade quando lhes vou cheirar as pernas – o senhor do gás
até parou a meio da escada, com uma bilha de gás ao ombro – só para alertar a
mamã da minha existência fantástica. Bati-lhe muito com a cauda, em jeito de
aprovação.
Hoje precisaram de mim numa formação da Universidade Técnica
de Lisboa, no âmbito do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, que é o
curso que frequento, mais as bípedes que moram comigo, e então lá tive de
comparecer a uma aula das nove da manhã...Ufa, que stress! Era uma apresentação
sobre picar animais, falou-se muito, e no fim bateram muitas palmas para mim –
ao que eu me levantei e me dirigi para a secretária frontal do auditório, pois
podiam de seguida querer ainda ver alguns truques (eu faço uns truques muita giros!), mas afinal só me queriam
fazer o mal...
A mamã é uma lança frisbees razoável, mas às vezes tem cada
uma... deixou a Doutora fazer me umas festinhas e carregar-me nos lombos (ainda
pensei que seria aquilo da percussão, das aulas de semiologia, mas eu já fiz
essa cadeira o ano passado) e depois vá de me morder com uns dentinhos muito
fininhos, metálicos, que trazia numa caixinha! Achei mal!
Tinha-me voluntariado
para a formação a seguir, que era sobre fisioterapia e reabilitação, e tinha
uns vídeos de massagens bem interessantes, mas isso de me atacarem pelas costas
não achei muito bem, não. Fiz olhinhos de lua desconfiados, e sobrancelhas de
preocupação, bocejei, e ainda pensei em abandonar o local, mas podiam vir a precisar
de uns truques, e ainda por cima a minha mamã recordou-me de que eu tenho
aquele negócio do “educayshon” que não me permite ser um cão normal. Daí que
tenho de ser extraordinário. E que todos me adorem.
Mas admito que, apesar de me doerem menos as costas e de me
dar o sleep no fim daquela coisa toda, a melhor parte foi ver a mamã a ser
mordida tb, pela Doutora. Na pata. Com um dentinho igual aos que usou em mim.
Toma!
Nos vídeos de fisioterapia aprendi que há cãezinhos (deve
ser em África, pois a minha mamã diz sempre que os cãezinhos em África iam
adorar comer a ração que em não quero porque já é de ontem) que têm tão pouco
play nas vidas deles, que adoram ir à fisioterapia, fazer os percursos com
pinos e obstáculos, porque deve ser a primeira vez na vida que têm direito a
aprender coisas, a ouvir montes de reforço positivo, e a ter interacção com
bípedes fixes...Coitadinhos – mas nem todos podem ser everybody’s darling,
creio.
Também deve ter a ver com a raça, acho, porque nenhuns eram assim muito
bonitos como o eu.
Posto isto, ainda bem que aqui no meu país as coisas estão
mais ou menos. Joga-se pouco frisbee, é verdade, e não vejo a praia desde Domingo,
mas tudo em tudo, podia ser pior.
Winston para Presidente! Mas só depois de terminar o curso com as bípedes.
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